domingo, 15 de janeiro de 2023

4 dias convinhendo por Bordéus

 



Aproveitando uns diazinhos de férias, resolvemos rumar a Bordéus, um destino já há algum tempo almejado por mim e pela minha sede!
Saímos voando do Porto a 01 de Dezembro de 2022 e regressamos, também voando, a 04 do mesmo mês e do mesmo ano.
Aterramos em Brive-Souillac na Dordonha, a uns 200 km de Bordéus. A intenção foi a de conhecer um pouco a região dordonhesa. 
    Fizemos o percurso quase na totalidade por uma estrada municipal, onde proliferavam grandes extensões de pastagens verdes e de quando em vez uma ou outra vila.
A primeira paragem foi numa dessas tais vilas, todas elas com estilo medieval e atravessadas por rios ou riachos. De salientar
o percurso que era quase totalmente plano.

    Terrasson-Lavilledieu, nome da vila e onde decorria uma feira. E, como era de esperar, um dos feirantes com quem falamos era português, de Viseu, e com o espírito de ajuda que caracteriza o nosso povo, esteve uns largos minutos a indicar-nos o melhor restaurante da zona, tendo o seu esforço caído em saco roto porque o dono do estabelecimento tinha sido no dia anterior operado às varizes e como tal, a casa estava fechada!!
Depois de algumas fotos, lá prosseguimos a viagem rumo a Périgueux, onde iríamos almoçar.
    O tipo de paisagem manteve-se inalterada e passados alguns minutos, chegamos a Périgueux.
Uma comuna francesa, com cerca de 30 mil habitantes e com uma Catedral majestosa que, segundo dizem, remonta ao século IV.





Muito medieval mas muito bem conservada e com um ambiente bem descontraído, como demonstravam as muitas esplanadas, repletas de pessoas a beberem o seu copo de tinto.
    Para o almoço, tinha pesquisado e escolhido duas hipóteses, o Hercule Poirot, que me pareceu requintado, caro mas que nos deixou com àgua na boca, e o La Cueva Argenta, restaurante argentino, mais casual mas o mais pontuado do Tripadvisor. E foi no Argentino que recaíu a escolha, tal premonição do título mundial de Futebol...


Gostamos bastante, um atendimento excepcional, simpático e eficiente, e ainda quase sósia de um dos nossos grandes amigos. Muito parecido com o Raposinho, apenas de cabelo negro.
A comida foi carne e todos comemos pratos diferentes, acompanhados por vinho argentino, nada de especial mas como o ambiente estava porreiro, acabou por cair bem.

Depois de um belo passeio por Périgueux, passando pela Catedral St-Front (onde ainda tentamos profanar a caixa das esmolas 😂), lá continuamos a nossa viagem até ao destino final que seria Bordéus.
A paisagem foi sempre idêntica em todos os percursos pela região.
    Após a chegada à cidade de destino, o próximo passo seria a encontrar o alojamento reservado préviamente, e onde iríamos dormir nas próximas duas noites.
O apartamento reservado ficava localizado a cerca de 2 km do centro de Bordéus. Apareceu nada luxuoso mas eficaz e com um aspecto moderno. Muito casual mas que serviu completamente para aquilo que o tínhamos escolhido.
    Como não era longe resolvemos fazer um passeio pedestre até Bordéus. Pelo caminho fomos notando que o meio de transporte mais usual era a bicicleta. Novos, velhos, estudantes, diplomatas, mães com filhos em side-bikes, de tudo um pouco. As trotinetas também abundavam, numa cidade bem preparada para estes tipos de locomoção verde.
    Bordéus revelou-se realmente uma cidade em que as pessoas são desprovidas de vaidade, não tentando mostrar isto ou aquilo para se posicionarem na sociedade.
A maioria, pessoas magras, cujo estilo de de alimentação me pareceu equilibrado e que dava a entender, pelo que lanchavam após saírem dos empregos, já não iriam jantar. Muitas bares/cafés e esplanadas, cheias de gente nos fins de tarde, a beber vinho e a comer uns petiscos, enquanto alegremente conversavam,  ou pelo menos pareciam de bem com a vida.
    E assim fomos caminhando pelas ruas bem alinhadas da cidade, perpendiculares e paralelas, com fachadas sem grandes diferenças , nem de estilo, nem de altura. Parece tudo feito mas antes pensado...
    Como já tínhamos almoçado bastante bem resolvemos jantar tapas acompanhadas de um bom vinho tinto. E a escolha do local foi ocasional e apenas pela aparência. Durante o passeio, olhamos e gostamos e dissemos é ali. E assim foi!
    Bebemos dos melhores vinhos que provei até hoje. Provamos duas garrafas mas um deles foi escolhido por todos e de um modo quase cego porque fizemos uma votação final para ver qual dos dois é que tínhamos realmente gostado mais. 
    A primeira noite estava estava completa e retornamos aos aposentos novamente a pé, apreciando um pouco do ambiente tardio da cidade.
    O dia seguinte foi para conhecimento do centro da cidade de Bordéus. Começamos no Museu do Vinho, e optámos por não pagar para o conhecermos.  Ficamos pelas partes não pagas e que mesmo assim se revelou uma boa experiência.
    Vimos uma garrafeira excecional, com vinhos realmente para todos os gostos, de todos os países e para todas as carteiras. A garrafeira tem uma excelente estética e um ambiente realmente acolhedor e sem quaisquer pressões para se comprar algo.


    Para o almoço tinha tinha pesquisado algumas coisas entre as quais um mercado típico local e achamos de bom gosto lá irmos petiscar. 
    Local sem luxo nenhum, desconfortável até, mas onde pudemos conhecer um pouco outro género de habitante. Notava-se a convivência entre os pescadores ao balcão, denotando-se alguns tipos de negócios menos lícitos. Uma Bordéus mais agreste.
Neste local deu para comer as tão faladas ostras da bacia de Arcachon, que são apanhadas na região, mais na Orla marítima, e que acompanhadas de um bom vinho branco e de camarões e outros mariscos, acabaram por ser...apenas normais...  Acabou por ser agradável, até porque nos damos bem em qualquer lado e com quaisquer pessoas!! 







    Neste dia conseguimos conhecer quase todos os monumentos mais importantes da cidade. 
Place de la Bourse, Pont de Pierre, Grande Sino (o que achei mais giro), Torre Pey Berland, etc...mas o que gostei mesmo foi... o Cafe Brun, um bar fantástico! Bebemos à brava! Rimos bastante à custa de um WC misto, em que entravas à vontade e era quase open space. Muito bom!
Bar em que apenas um funcionário, digamos super-funcionário, conseguia com eficiência servir aí umas 20 mesas! Com clientes de todas as idades, vimos avós com filhos e netos, vimos figuras do cinema, vimos de tudo um pouco, simplesmente com a vontade de se divertirem e de conviver um pouco. Em suma, bar fantástico.
Neste mesmo dia, a janta iria ser em casa para no dia seguinte sairmos cedo para Saint Émilion, a região de todos os Chateaux. E foi isso que fizemos, por muito pouco não o faríamos...mais 2 ou 3 cervejas e o caldo estaria entornado!!
Tapas em casa, com Bordeaux tinto, seguindo-se uma agradável amena cavaqueira e choco.
    Dia 3, rumo a Saint Émilion, uma encantadora vila medieval localizada no coração dos famosos vinhedos. A vila revelou-se pitoresca e, no Verão ou até na Primavera deve ser um encanto por lá passear de bicicleta.
Muito turística, com todos os restaurantes a praticarem preços elevados, mas que vale a pena visitar e fazer a visita guiada às profundezas da sua Igreja. Saber a sua história e o porquê da sua existência. Em suma, viveria por ali facilamente, principalmente se fosse proprietário de algum Chateaux ;) !

Na hora do almoço, as escolhas eram bastantes e a opção não terá sido a melhor, no entanto também não deve ter sido a pior...
Quase tudo Michelin, o que não é muito do meu agrado, apenas pelo tipo de comida usual nesses restaurantes.
    Após o almoço, e com quase todos os Chateaux das redondezas encerrados, e após algumas vistas por fora, regressamos a Bordéus para escolher o local para jantar. Brasileiro foi o escolhido. Arroz, feijáo e carne, acompanhados de início por bela caipirinha, muito boa mesmo, e seguindo o percurso vinícola mas desta vez, vinho brasileiro. Fraquinho... mas fresquinho. Nessa noite, e a caminho de casa, ainda paramos num bar com muita malta adolescente a fazer o aquecimento para a longa noite e bebemos mais umas cervejitas.  E estava passada a noite. O dia de regresso aproximava-se.
    Manhã para fazer as malas e rumar ao aeroporto de Bordéus. Como ainda dispunhamos de algum tempo, resolvemos dar uma saltada à famosa Bacia de Arcachon, zona balnear de Bordéus e famosa pelas suas dunas e pelas ostras por lá apanhadas.
Nota-se que é um local frequentado por malta com alguns trocados a mais. Pareceu-me um pouco triste, o que talvez se devesse à estação do ano.
    Rumo ao aeroporto e voar para o Porto.
Voo tranquilo e mais uns belos dias passados numa bela companhia como são o casal que nos acompanhou. Já temos umas belas aventuras juntos para relembrar.
Até à próxima viagem.