Crónica de uma morte anunciada

Após ter feito um percurso de 26 anos no futebol, passando por grandes e pequenos clubes, onde acho que fui apreciado e acarinhado pot todos, eis que esta época (2007/08) chego ao U.Nogueirense F.C.
Clube este que apenas tinha defrontado 2 vezes, isto porque tendo jogado quase toda a minha carreira nos Nacionais de Futebol, apenas 1 ano no Ditrital, o desencontro entre as 2 partes foi inevitável.
Penso que logo que cheguei ao clube, senti que estaria a cometer um erro ao vincular-me ao mesmo. São premonições próprias de quem tem uma vasta experência do Mundo do Futebol.
Senti que não iria ter nem o apoio nem a confiança necessárias, que todos os jogadores que chegam pela 1ªvez a um novo Clube necessitam, e às quais sempre fui habituado.
Penso que a minha idade gerou desde o início, alguma desconfiança na minha contratação.
Durante a época transacta o meu desempenho tinha sido bom por isso me predispus a tentar ajudar 3 amigos numa tarefa difícil e inédita que seria evitar a descida de Divisão do Nogueirense.
E o tempo lá foi passando, com momentos bons e outros menos bons.
Mas nem nos momentos bons senti um reflexo deles, ao contrário dos menos bons, em que senti que era desses que a direcção estava à espera para mostrar algum protagonismo.
A direcção do Nogueirense, que achei algo confusa hierarquicamente, acha convictamente que por ser uma direcção cumpridora financeiramente, poderá pressionar os jogadores e a equipa técnica mais que outras que não cumprem financeiramente mas em contrapartida cumprem com sensibilidade e bom senso, tirando daí maior rentabilidade.
Durante esses meses que passaram, tentei sempre encarar com optimismo as críticas, não directas, tanto da massa associativa como de elementos da direcção. Críticas essas que claramente evidenciam pouca cultura futebolística, porque os meus desempenhos tanto nos jogos como nos treinos não terão sido excepcionais mas comparativamente com o dos meus outros colegas terão sido razoáveis.

Uma tarde antes de me dirigir para mais um treino semanal, recebi um telefonema de um dos elementos da equipa técnica, comunicando-me que iria ser dispensado pela direcção.
Lá me dirigi então para as instalações do clube e própriamente para a sala da direcção.
Sentei-me e comuniquei aos elementos da direcção que já sabia das suas intenções e facilmente acordámos a minha saída.
Comuniquei-lhes ainda que já tinha imaginado que aquela situação me iria acontecer.
Estou convicto que fui o mais correcto possível, mesmo não me tendo sido dada qualquer explicação nem motivo para a minha dispensa. Acho que não a merecia.
Tudo passou e a minha morte como Futebolista tinha chegado.
Nunca esperei que fosse desta maneira, mas a vida nem sempre é correcta como alguns de nós o somos.

PS.
Espero sinceramente que o Nogueirense consiga os seus objectivos e se mantenha na 3ª Divisão Nacional, não pela direcção nem pela massa associativa, mas por quase todos os Jogadores do Plantel e pela Equipa Técnica que lá estava, não me esquecendo do pessoal da rouparia que é fantástico.
Até sempre e obrigado por todos os momentos,

Do Sempre Amigo

Tiago Regadas